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O aumento do consumo de bebidas alcoólicas no Brasil: A relação entre os docentes, formas de prevenção, tratamento e sintomas

Escrito por DHEMERSON LEY ROCHA SOUSA | Publicado: Terça, 10 de Outubro de 2023, 16h03 | Última atualização em Quarta, 11 de Outubro de 2023, 13h19


O consumo de álcool está diretamente associado às condições culturais e sociais, na maioria das vezes de forma recreacional, ou seja, com o objetivo de distrair ou aliviar os sintomas físicos e mentais desenvolvidos pelo estresse do cotidiano. De acordo com dados recentes do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), o número de mortes por embriaguez ao volante foi ultrapassado pelo número de casos de cirrose hepática. Enquanto o problema hepático relacionado ao  constante uso de álcool representou 18,5%, a porcentagem que corresponde aos acidentes de trânsito é de 16,4% dessas mortes. Pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig), corroboram  para identificar esse crescimento, afirmando que uma em cada três pessoas no país consomem álcool pelo menos uma vez na semana. 18,8% dos brasileiros ouvidos na pesquisa relataram que consomem bebidas alcoólicas de forma abusiva. 

O consumo de álcool vem crescendo significativamente no país, e grande parte desse aumento pode ser pelo uso recorrente feito durante a pandemia de Covid-19, sendo associado a problemas de saúde mental, como casos graves de ansiedade, devido ao distanciamento social. No estudo desenvolvido pelo projeto Prof Msc – Etapa Minas, foi realizado um inquérito epidemiológico com intuito de recolher e analisar os dados sobre o consumo de bebidas alcoólicas por professores da educação básica, que atuam em escolas estaduais da rede pública de Minas Gerais. Nesse estudo, verificou-se que durante a pandemia houve um aumento no consumo de álcool entre os docentes, o qual pode ter impactado a saúde mental e física dos professores, associado às mudanças no processo de trabalho desse período.

Apesar de estudos como este ainda serem recentes e muitos dos resultados não serem conclusivos, é inegável que a pandemia contribuiu de forma exponencial para o consumo de bebidas alcoólicas. O psicólogo e vice-coordenador do projeto de Saúde Mental e Carreira Docente na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), em Marabá, Dr. Roberson Geovani Casarin, fala sobre o assunto e relaciona o aumento do consumo de bebidas alcoólicas entre os professores durante o distanciamento social.

“Em relação aos docentes, temos poucos dados para afirmar categoricamente que houve um aumento. Contudo, os dados que temos apontam que a pandemia teve forte influência no aumento do consumo abusivo de álcool”. Dr. Roberson comenta ainda que “Por ser uma droga lícita, barata e de fácil acesso, traz a falsa sensação de alívio do estresse, torna-se um caminho fácil para o aumento do consumo. Assim, podemos dizer que, provavelmente, devido a todas as grandes adversidades que os docentes enfrentaram durante a pandemia, e continuam enfrentando, esses profissionais encontraram no álcool um falso alívio para seus estresses cotidianos do trabalho”.

Ao ser questionado sobre os sintomas do alcoolismo, o vice-coordenador explica que “Os principais sintomas são os comuns ao uso de qualquer droga: a dependência, como, por exemplo, não se divertir sem o uso do álcool; ter vontade de beber em vários momentos, para começar. Depois vai caminhando para o uso em si, onde a quantidade vai aumentando, tanto na quantidade em si, quanto nos dias de consumação. Por fim, há a dependência total, levando à perdas da vida do indivíduo, como o emprego, a vida social e familiar”.

Para o psicólogo, a busca por ajuda é um caminho complicado e difícil para as pessoas com problema de alcoolismo. “Buscar ajuda profissional implica em dois grandes obstáculos: Primeiro, reconhecer que o álcool é, ou está se tornando, um problema. Segundo, se implicar na resolução do problema, ou seja, estar disposto a mudar. Sempre é bom lembrar que a droga traz a errônea sensação de prazer, de alívio, então, até que o sujeito reconheça que algo não está bom e, mais ainda, abra mão desse prazer, vai um longo e árduo caminho”. Esclarece, Dr. Roberson.

A rede de apoio familiar é fundamental para que a pessoa que abusa de bebidas alcoólicas não se sinta desamparada e sozinha, é importante que o alcoolista busque acompanhamento em saúde e apoio afetivo, independentemente do nível de gravidade dos sintomas. Sendo assim, grupos de pessoas e instituições que buscam intervir na luta contra essa droga são de extrema importância. Um dos coordenadores  do projeto intitulado “Programa de Vida Nova”, Fábio de Jesus Barbosa, da cidade de Rondon do Pará, relata sobre algumas das abordagens usadas dentro deste programa.

“O tratamento e a vivência do programa, está alicerçado na terapia do amor e fundamentado na pedagogia libertadora de Jesus que nos conduz à conversão, onde queremos redescobrir o sentido da vida nova e a alegria de estar na sociedade. A libertação se dá na perseverança deste programa”. Fábio diz ainda que entende o programa como um um grupo de auto ajuda, e comenta que o intuito é atuar de forma preventiva no uso de bebidas alcoólicas. “O álcool é uma droga, um mal que se deve combater todos os dias, fazendo um tratamento de prevenção com aqueles que ainda não fizeram a experiência de uso. Em casos em que o indivíduo está em um nível de dependência mais severo, orientamos a internação em uma casa terapêutica”. O coordenador, Fábio de Jesus, conclui dizendo que a sua função neste projeto é levar esperança e auto estima para essas pessoas.




 

 

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