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Recortes Sociais na carreira docente

Escrito por DHEMERSON LEY ROCHA SOUSA | Publicado: Sexta, 15 de Setembro de 2023, 16h22 | Última atualização em Segunda, 20 de Novembro de 2023, 21h01


 
As desigualdades sociais ainda são uma das características estruturais da sociedade brasileira, sendo esta o resultado de uma construção sócio-histórica, principalmente em decorrência do patriarcado.  Essas desigualdades perpassam em diferentes níveis, o que resultou em um condicionamento no qual as mulheres foram postas em condições subalternas dentro do mercado de trabalho. Após pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no fim de 2022, a diferença salarial entre homens e mulheres é de aproximadamente 22%, isso significa que uma mulher no Brasil recebe, em média, 78% do que ganha um homem.

Além das desigualdades dentro da categoria gênero, deve-se considerar outros marcadores como o de raça/cor, que delimitam ainda mais os espaços na sociedade. A hierarquização entre as relações de gênero e raça/cor refletem sobre a interseção das mulheres negras nos espaços sociais, tendo uma dupla desvantagem social tanto pelo racismo quanto pelo sexismo. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), houve uma crescente significativa nos números de pessoas negras desempregadas no país. O resultado desses indicadores são cada vez mais exclusivos dentro do mercado de trabalho, sendo que grande parte dessas pessoas são mulheres negras com algum grau de analfabetismo, atuando em trabalhos domésticos remunerados sem carteira assinada.

Estes marcadores de desigualdades sociais, também se refletem dentro do meio acadêmico.  Especificamente, na carreira docente do ensino superior, levando em consideração os recortes e marcadores sociais de gênero e de raça/cor. Em uma das reuniões do projeto coordenado pela doutora e escritora, Ana Campos, houve debates e apresentações sobre como esses aspectos impactam a vida de diversos professores no ensino superior. No projeto intitulado “Saúde Mental na Carreira Docente”, os colaboradores de pesquisa de diversas partes do país apresentaram teses e pesquisas, a fim de analisar a causa de diversos problemas relacionados à saúde mental dos professores.

Na reunião do dia 28 de Agosto, o tema foi sobre a qualidade de vida dos professores e como isso pode afetar a saúde desses profissionais. Assim, foi apresentado por um dos bolsistas de iniciação científica e estudante de medicina veterinária pela UFMG de Belo Horizonte, em Minas Gerais, Victor de Melo Rocha, o tópico sobre recortes sociais na carreira docente baseando-se em pesquisas feitas  a partir de artigos, o contexto do artigo analisado por Victor era sobre dados obtidos na pandemia. O estudante conta que no período pandêmico as docentes mulheres levavam uma dupla jornada, pois teriam que trabalhar em serviços domésticos enquanto atuavam como professoras no ensino remoto. “Então, nesse artigo destaca que as responsabilidades das atividades domésticas eram das mulheres, então eles separaram esse quesito de acordo com o gênero. De acordo com essas pesquisas, 75% dos casos de serviço doméstico se concentravam nas mulheres” relata o bolsista Victor.

Victor afirma ainda que as mulheres apresentaram maior proporção desfavorável em relação à saúde psicológica. “No humor, por exemplo, as mulheres relataram que se sentiam mais mal humoradas, sentiam crise de ansiedade, medo ou pânico e esse contexto estava relacionado também com o aumento do uso de medicamentos na pandemia”. O estudante de medicina veterinária conclui ainda que apesar desses dados serem específicos em relação ao isolamento social feito da pandemia, ele ressalta que esta ainda é uma realidade para muitas mulheres dentro do ensino no Brasil. 


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