Os casos de Covid-19 diminuíram no Pará?
Uma análise sobre os casos mais recentes divulgados pela SESPA
01/09/2021
Ana Cristina Viana Campos
Coordenadora do Laboratório e Observatório em Vigilância & Epidemiologia Social – LOVES /Unifesspa
Nesta edição especial, apresentamos uma análise sobre os 84 novos casos de Covid-19 confirmados ontem (31) no site da SESPA. Registrou-se mais casos entre os dias 26 e 27 de agosto (58%), o que é comum o atraso entre a notificação e a divulgação é em média 5 a 7 dias. Considerando o volume menor de testagem e também de registros, esperava-se que esse atraso deixasse de ocorrer. Essa situação ocorre desde o início da pandemia e prejudica a tomada de decisão por parte dos gestores, bem como o entendimento da população sobre a informação atualizada.
Deste total de novo casos, 52 (72%) foram registrados em municípios da mesorregião Sudeste do Pará, com destaque para Redenção (20 casos) e Conceição do Araguaia (17 casos). A concentração desses casos pode ser melhor observada no mapa quando comparado às demais regiões do estado (quanto maior o círculo, maior o número de casos).
Quando os 11 municípios com maior número de casos foram agrupados em relação à vacinação, obteve-se o grupo 1 com % doses aplicadas <60% (Santarém, Igarapé-Miri, São Domingos do Araguaia, Itupiranga e Ourilândia do Norte) e o grupo 2 com mais de 60% doses aplicadas (São Miguel do Guamá, Tomé-Açu, Redenção, Conceição do Araguaia, Parauapebas e Anapu).
Esses valores indicam que é urgente que os municípios aumentem a capacidade e velocidade de vacinação, sobretudo entre os municípios onde se notificaram mais casos em um único dia. Por outro lado, cabe destacar também que uma cobertura de apenas 50 a 60% de doses aplicadas em setembro é muito pouco considerando que a primeira remessa de vacinas contra a Covid-19 chegou ao Pará no dia 18 de janeiro.
A maioria dos casos registrados eram mulheres (58%). Em relação à idade, a distribuição dos novos casos se mostra semelhante ao perfil encontrado no estado desde o início do ano, ou seja, há mais casos na faixa etária economicamente ativa (20 a 59 anos). Por outro lado, numa escala menor de casos, observa-se que idades específicas se destacaram: 24, 31, 35 e 37 anos. essa informação ajuda a direcionar as ações de enfretamento, bem como a busca ativa por pessoas que ainda não se vacinaram nessas idades.
Portanto, o LOVES alerta para a urgência de se analisar os dados de casos e vacinação de forma conjunta para que a distribuição das doses, a priorização das faixas etárias e grupos de risco alcancem as metas estabelecidas, causando maior impacto na queda número de casos, como já se observou em relação às mortes. Considerando a importância dessa vigilância, este observatório em saúde se coloca à disposição de gestores e Secretarias para proceder a essa análise de forma mais densa e com a produção de mapas, gráficos e indicadores para a tomada de decisão cada vez mais rápida e eficaz.
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