Covid-19 no Pará: um raio-X da letalidade entre idosos centenários
27/05/2021
Ana Cristina Viana Campos
Coordenadora LOVES/Unifesspa
Desde o início da pandemia, a letalidade da Covid-19 no estado do Pará é maior entre os idosos e entre os homens, tal como tem sido relatado na literatura. Isto ocorre, principalmente, porque nesta faixa de idade há maior prevalência de comorbidades, o que determina maiores complicações com apresentações de formas mais severas da COVID-19, elevando a letalidade nesse segmento populacional (ESCOBAR et al., 2021, p.6).
Por outro lado, pouco se tem visto sobre os idosos centenários (com idade igual ou maior que 100 anos). Nesta semana, o Laboratório e Observatório de Vigilância & Epidemiologia Social – LOVES analisou dos dados de casos e óbitos acumulados até ontem, dia 26, nesta faixa etária.
Mais da metade dos municípios registraram pelo menos 1 caso em idosos centenários, com destaque para Belém (17%), Castanhal (7%) e Cametá (6%).
Em relação aos óbitos, 65 (45%) municípios têm registro de óbitos por Covid-19 entre centenários, 21 (25%) registraram apenas 1 óbito. Portanto, a letalidade da Covid-19 entre idosos centenários é altíssima (23%) e se concentra em alguns municípios do estado.
Outro destaque importante é que, até o momento, a SESPA registrou 11 casos em Abaetetuba e 8 em Marabá nesta população, porém nenhum óbito. Esses idosos compõe uma seleta parcela da população idosa que tem sobrevivido à doença e despertado o interesse das pesquisas clinicas e genéticas para entender melhor os possíveis fatore favoráveis e/ou protetores.
Do total de 277 casos confirmados entre idosos com 100 anos e mais no Pará, 163 (59%) eram mulheres e 155 (56%) na cor de pele parda. Comparando-se o número de óbitos por sexo, a chance de um idoso de 100 anos do sexo masculino ir a óbito por Covid-19 e 1,8 vezes maior do que uma mulher na mesma idade (p=0,037). O maior risco de ocorrência de óbitos por Covid-19 tem sido observado em indivíduos idosos, sobretudo os com idade acima de 80 anos, pacientes com comorbidades, homens e com cor de pele não branca (GALVÃO, RONCALLI, 2020, p.9).
Sendo assim, reforçamos nosso interesse em realizar parceiras com todos os municípios do estado, especialmente na mesorregião sudeste e território de atuação da Unifesspa. O papel desse Observatório de Saúde tem sido apontar tendências, perfil demográfico e realizar análises estatísticas, para que gestores e municípios tenham informações confiáveis para acompanhamento e identificação do perfil atual da pandemia, semana a semana, e possam planejar estratégias e linhas de cuidado específicas sejam articuladas no sistema de saúde.
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