Pará ultrapassa 400 mil casos e 10 mil mortes em um ano de pandemia
Quais outros indicadores os gestores estão esperando para reagir?
25/03/2021
Ana Cristina Viana Campos
Coordenadora LOVES/Unifesspa
O Brasil enfrenta um dos momentos mais difíceis da pandemia desde o início do ano, e o mês de março tem evidenciado novos recordes negativos no país, em estados e municípios. Segundo os dados da SESPA, no dia 24 de março, o Pará registrou 406.050 casos da doença e 10.011 mortes por complicações da Covid-19. Estes valores resultam em novo aumento da letalidade da Covid-19 (2,5%). Após um ano de pandemia, o Pará alcançou dois recordes negativos em menos de uma semana.
Os 10 municípios com mais casos de Covid-19 somam mais da metade do total de casos do Pará (50,7%): Belém, Parauapebas, Santarém, Ananindeua, Marabá, Altamira, Redenção, Itaituba, Barcarena e Oriximiná. O aumento do número de casos nestes municípios continua crescendo linearmente, mesmo considerando-se as discrepâncias com os dados municipais e atrasos na oficialização das informações.
Na análise racial, novamente destaca-se que 130.093 casos (32%) não possuem informação sobre raça/cor da pele. Isso também indica que em 2,5% dos óbitos não é possível realizar inferências raciais, que são o único dado demográfico social divulgado nos boletins epidemiológicos. Mais da metade dos óbitos ocorreram entre pardos, resultando em letalidade superior à do estado (2,6%). Por outro lado, é preocupante o aumento da letalidade entre pessoas que se autodeclararam pretas (2,1%) e amarelas (1,9%).
Na análise de gênero, é nítido que a letalidade entre homens é maior do que entre mulheres em todas as faixas etárias, exceto entre 0 e 9 anos (letalidade = 0,3%). A maior diferença entre os gêneros é entre 10 e 19 anos e 40 e 49 anos, sendo que a letalidade entre homens é mais que o dobro quando comparado às mulheres. Após os 50 anos de idade, observa-se um decréscimo nessa diferença de forma gradiente, ou seja, quanto maior a idade menor a diferença de gêneros para óbitos por Covid-19, ou seja, a letalidade entre idosos é maior do que entre todas as outras faixas etárias juntas e atinge homens e mulheres relativamente na mesma intensidade.
No dia 22 de março, quando o estado ultrapassou 400 mil casos de covid-19, 77,6% leitos clínicos e de 87,3% de leitos UTI adulto estavam ocupados. No dia 24 de março, quando o estado ultrapassou 10 mil mortes, observou-se aumento da ocupação de leitos clínicos (78,8%) e pequena redução na ocupação de leitos de UTI adulto (85,0%). Considerando que a vacinação no estado é a mais lenta do país, bem como a falta de profissionais de saúde e o aumento do número de óbitos, essas taxas são alarmantes e reforçam a necessidade de ações coletivas mais eficientes. Lembramos também que se cada cidadão não fizer sua parte, nenhuma medida governamental será efetiva, e continuaremos por pelo menos mais 6 meses nesta mesma situação.
Portanto, o Laboratório e Observatório de Vigilância & Epidemiologia Social – LOVES reforça a necessidade de reavaliação das medidas restritivas em todo o estado, especialmente nos municípios onde houve aumento do número de óbitos cuja a letalidade é maior do que 2%.
Redes Sociais