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A pandemia de Covid-19 e os povos indígenas no Pará

Publicado: Sábado, 20 de Fevereiro de 2021, 20h08 | Última atualização em Sábado, 20 de Fevereiro de 2021, 20h14

Estado alcançou 6.645 casos e 64 óbitos por Covid-19 entre indígenas, segundo a SESPA.

Por Ana Cristina Viana Campos

20/02/2021

 

Dando continuidade à série de textos analíticos sobre a pandemia no estado do Pará, apresentamos nesta edição o perfil epidemiológico da Covid-19 na população indígena do Pará, a partir dos dados oficiais da SESPA, consolidados até hoje, dia 20.

Do total de 144 municípios, 87 (60%) registraram casos de Covid-19 entre indígenas. Em ordem crescente, os municípios com mais de 300 casos foram: Ourilândia do Norte (385), Parauapebas (496), São Félix do Xingu (497), Altamira (718), Santarém (820) e Jacareacanga (1.433). Em relação ao sexo e idade, a maioria dos casos se concentra entre mulheres de 0 a 69 anos e a partir dos 70 anos a situação se inverte; com diferenças estaticamente significativas apenas em Belém (p=0,007) e São Félix do Xingu (p=0,011).

Covid 19 Indigenas PACovid 19 Indigenas PA sexo

A letalidade (percentual de óbitos em relação ao número de casos) variou entre 0 (em 67 municípios) a 100% (em Nova Ipixuna que registrou 1 caso e 1 óbito entre indígenas). Maior número de óbitos foi registrado em Jacareacanga (10), Parauapebas (7), Tucuruí (6), Belém (6) e Cumaru do Norte (5). Na análise por sexo e idade, a letalidade é maior entre indígenas idosos com diferenças estaticamente significativas em ambos os sexos (p=0,000). A letalidade é 30% maior entre os homens idosos (85,1%) quando comparado às mulheres idosas (64,7%).

Óbitos Covid 19 Indigenas PAÓbitos Covid 19 Indigenas PA sexo

 

Esses dados reforçam as profundas iniquidades na saúde indígena no Pará, tal como ocorre no Brasil. Esta situação evidenciada aqui é semelhante ao cenário nacional. Dados atualizados do Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena mostram que dentre 162 povos indígenas afetados pela Covid-19, existem 49.060 casos confirmados, 970 óbitos, o que resulta em alta letalidade (1,4%). Apesar da existência do Subsistema de Saúde Indígena do Sistema Único de Saúde (SASI-SUS), voltado para assegurar atenção primária à saúde em territórios indígenas, a ausência de uma resposta rápida, articulada e efetiva tem levado a uma catástrofe humana (SANTOS et al., 2020, p.2).

O observatório registra alerta especial para os municípios na mesorregião Sudoeste e Baixo Amazonas, pois a alta incidência entre os povos indígenas nestas localidades podem ter relação com a maior vulnerabilidade social e geográfica, que não é possível medir sem informações mais completas. Mais uma vez o LOVES se coloca à disposição dos povos indígenas, de secretarias e gestores para contribuir em futuras análises mais especializadas.

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