Jovens ou velhos: quem são os casos de Covid-19 sem informação?
Uma análise descritiva sobre a ausência de informações sobre a idade dos casos de Covid-19 no Pará
04/08/2021
Ana Cristina Viana Campos
Coordenadora do LOVES/Unifesspa
Apresentamos uma análise descritiva sobre os casos de Covid-19 sem informação de idade no estado do Pará. No dia 1º de agosto, não houve nenhum novo caso ou óbitos cadastrados nos últimos sete dias. Em relação à subnotificação das prefeituras, a SESPA confirmou mais 19 casos e 1 óbito ocorridos em dias anteriores.
Dentre o total de 572.520 casos e 16.058 óbitos no Pará, 5.944 (1%) dos casos não têm informação sobre idade. Essa é a variável do perfil demográfico mais importante, que pode auxiliar e conduzir respostas governamentais distintas para cada faixa etária. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em julho observou-se uma diminuição na idade média dos casos e das mortes de Covid-19, quando os pesquisadores compararam a semana epidemiológica (SE) 1 (3 a 9 de janeiro) e a 27 (3 a 10 de julho) de 2021.
No nosso tradicional e triste ranking dos piores 10 municípios com maior número de casos sem informação de idade, sendo que Ananindeua (1.358 casos), Barcarena (1.090 casos) e Belém (984 casos) somam mais da metade destes casos.
A maioria dos casos foram registrados entre homens (3.022 casos) quando comparado às mulheres (2.922 casos). Em relação a cor de pele, a grande maioria dos casos não têm informação de idade ou cor (4.451 casos).
Apenas 54 casos (1%) entre profissionais de saúde não tem registro de idade. Esta informação é importante, pois nos alerta sobre a falta de preenchimento dos dados de notificação internamente no âmbito dos serviços de saúde.
Em relação ao número de óbitos, nenhum foi registrado sem a informação sobre a idade, ou seja, os dados para o cálculo da letalidade por faixa etária é uma medida confiável que pode ser utilizada para avaliação da gravidade da pandemia no estado.
Sabendo-se que a publicação dos dados completos sobre a Covid-19 é valorizada para o ranking internacional de transparência e também uma importante ferramenta de gestão pública, é inquietante que 1,5 ano desde o início da pandemia ainda existam dados publicados de forma incompleta. E, finalmente, a ausência de informação sobre a idade é ainda pior, pois não se sabe se 1% dos casos são crianças, jovens ou adultos, consequentemente a incidência nessas faixas etárias poderia ser maior ou menor do que sabemos.
Redes Sociais